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Mostrando postagens de abril, 2015

Conheça todas as partes de um livro

- Boa tarde, você poderia me indicar algum livro legal que fale sobre vampiros, sonhos e estas coisas sobrenaturais? - Veja este best seller , talvez você goste dele. - Ele tem uma capa bonita. - Você pode ver algo na contracapa . - Contracapa? É esta aqui? - É a "capa" de trás. - Ah! É que eu chamo capa de trás  mesmo. - Entendo. Contracapa é a capa de trás do livro. - tendi . Já considerou conhecer por nome e conteúdo todas as partes de um livro? O Portal da Câmara dos Deputados (???) e, mais explicadamente, o site Entrando Numa Fria (ENF) fizeram isso por nós. O site ENF diz que livro é uma "publicação não periódica que contém acima de 49 páginas, excluídas as capas, e que é objeto de Número Internacional Normalizado para Livro (ISBN)." (MAGALHÃES, 2011) De forma geral, um livro possui as partes externas, pré-textuais, textuais e pós-textuais . Dentro destas quatro partes, há muitas outras. Nos elementos externos, por exemplo, existem a so

Endecha

 Hoje, até os ventos não sopraram e os pássaros se calaram por doze horas. O silêncio então reinou e as árvores fizeram-se imóveis até que o dia brilhasse sobre nossos rostos debilitados. A tua ausência de repente calou a todos nós para que ouvíssemos uma endecha que enchera nosso espaço e agitou as águas de Marília ao som das vozes de profundeza, pois neste dia até mesmo os mortos e as pedras entoaram músicas para ti.

Por favor, nada de compromisso com o final feliz (Marcel Koury)

Fonte: Desconhecida. Por Marcel Koury Se você não acredita que há um preço por este doce paraíso, lembre-me de te mostrar as cicatrizes. Bob Dylan – "Where Are You Tonight? (Journey Through Dark Heat)" Sábado. Fim do dia. Um quarto de hotel vagabundo. Ela está absolutamente só. Espera um casal de amigos para uma noite de sexo a três. Antes, procurou a companhia de alguém no saguão do hotel. Algum estranho que não soubesse quem ela é. Ninguém. Comprou cigarros. Voltou. Agora está só. O olhar perdido em um ponto qualquer do quarto que não vê. Num canto esquecido de sua memória, lembra-se de pessoas — diferentes dela — que são felizes. Uma música insiste em entrar no quarto, tocada de um lugar longe, na rua. Ela se volta para o lado, para a pequena mesa onde dorme mudo um telefone. Continua sábado. Seu corpo dói. Uma dor que ela não sabe em qual parte. É um incômodo que cresce em ondas e que está em tudo, nela e ao seu redor. Vem e vai e vem. Quer falar. Fa

Nasci branco na hora errada

Eu havia acabado de nascer (janeiro de 1993) e no berçário eu parecia o macho alfa entre sete meninas que também nasceram no mesmo dia. Já grande, fiquei me sentindo o tal quando meus pais falaram disso. De fato, fui comentado na maternidade. Meu pai, todo empolgado com meu nascimento, ficou me olhando de longe, através da janela de vidro talvez pensando: “O que ele vai ser quando crescer?” E ali havia uma mulher e sua filha, uma criança pequena, mas que já falava bem. Elas também olhavam os recém-nascidos. Mamãe, e aquele bebê ali, de quem é? Deste senhor, minha filha. Ele é o pai. – Falou indicando meu pai, enquanto a criança arregalou os olhos e disse surpresa: Esse homem preto? Minha filha! Mais uma mãe constrangida pela própria educação que deu à filha. Talvez o primeiro grande vexame que eu tenha feito ao meu pai, que é negro, tenha sido nascer branco e na hora errada. Puxei a mamãe.

Os negros e a cultura brasileira

Quando os negros vieram para o Brasil sob a força da Coroa Portuguesa para realizar trabalho escravo, eles trouxeram para Pindorama, como os índios chamavam o Brasil, a sua contribuição para a formação da nossa tão diversificada cultura. As suas origens estão escritas na nossa culinária, na nossa língua, na nossa religião e na nossa música, entre tantas outras manifestações que poderíamos citar. Ainda após a Abolição da Escravatura em 1888, o negro sofreu perseguição por parte das autoridades governamentais e eclesiásticas que encaravam algumas de suas expressões como própria de bandidos. O sincretismo religioso passou a existir e apenas na segunda metade do século XX a cultura afro-brasileira passa a ser reconhecida e praticada por parte da classe média brasileira, principalmente no Rio de Janeiro. Os traços da cultura africana estão muito presentes na música popular brasileira, como o samba, o pagode, o coco, a ciranda, o fandango, etc. Não raro, notamos saudações à orixás, na

O papel da Literatura Infantil para o processo de desenvolvimento crítico da criança

"Ter acesso à boa leitura é dispor de uma informação cultural que alimenta a imaginação e desperta o prazer pela leitura. A intenção de fazer com que as crianças, desde cedo, apreciem o momento de sentar para ouvir histórias exige que o professor, como leitor, preocupe-se em lê-las com interesse, criando um ambiente agradável e convidativo à escuta atenta, mobilizando a expectativa das crianças, permitindo que elas olhem o texto e as ilustrações enquanto a história é lida." (Referencial Curricular Nacional para a Educação Infantil, 1998, p. 143) . A criança que desde cedo é estimulada ao exercício da leitura desenvolve capacidade crítica e imaginativa maior do que aquela que pouco tem acesso à espaços de leitura. Neste contexto, encontram-se pais e professores, que deverão assumir seu papel de contribuintes para a formação do leitor. O bom leitor é aquele que compreende bem a mensagem de cada linha, bem como o contexto geral da história, e é capaz de trazer para a v

"O tempo das coisas" e "O mundo da fantasia" (Vanessa Lopes)

O tempo das coisas O tempo cura tudo? Cura nada, o tempo apenas torna as coisas adormecidas pelo tanto de outras coisas que acontecem e vão tomando o espaço deixado pelo muito que é sofrer e pelo vazio que é querer. Sempre quando penso nas coisas que deixei de querer, deixei porque passei a querer outras coisas e essas outras coisas são momentaneamente mais importantes, mas não nos esqueçamos dos nossos quereres, somos feitos disso, de tempo e de querer. O mundo da fantasia Como superar uma imagem criada pela vontade de que seja assim? Muitas vezes nos maltratamos pensando na porcaria que fizemos nos deixando levar acreditando e confiando em tantas coisas, mas aí eu penso: o que seria pior, viver ou pensar em como poderia ter sido? Então, minha fantasiosa e mirabolante extremamente criativa mente me responde: a fantasia é muito pior. A fantasia é uma das coisas mais prazerosas e traiçoeiras da vida. Ela te leva a lugares, te permite momentos

O mundo

“Vivo em um mundo onde palhaços choram e macacos não sabem pular. É preciso visão artística sobre o kósmos para poder sobreviver. Caso contrário, morreremos de depressão.”

Teatro, entrevista com Carlos Branco

Carlos Branco mora em João Pessoa-PB, tem 31 anos de idade e há 11 trabalha profissionalmente com artes cênicas. Fui conversar um pouco com ele sobre a sua profissão. BLOG (Wendell): Carlos, como foi o seu primeiro contato com o teatro? CARLOS BRANCO : Foi no colégio, quando eu tinha 08 anos de idade. Depois participei do Grupo Esperança Jovem, do meu amiguíssimo +Valder Sales  e não parei mais. BLOG : Começou cedo! CARLOS : Depois de alguns anos, m ontei a Paixão de Cristo da Ilha de Itamaracá-PE e que hoje está sendo muito bem encaminhada pelo +Edvaldo Júnior . Não posso esquecer de mencionar o Ato-Art's, onde você também participou comigo, lembra? BLOG : Com certeza, aquele grupo maravilhoso de teatro, que hoje é a Associação Cultural Ato-Art's*. Conheci vocês em 2005, justamente nos ensaios da Paixão de Cristo que hoje tem 12 anos de história.  E agora revelando a sua idade (risos), há quanto tempo você atua? CARLOS : (risos) Há 23 anos. Mas meu primeiro tra

Alma insólita

A vida é tão incerta quanto deduzir o fim de uma música que você nunca ouviu. O nosso mal não está sempre em não fazer o que queremos, mas saber possíveis consequências e, ainda assim, lamentar o erro. Em questão de instantes uma história pode mudar todo o seu destino, uma música todo o seu ritmo e um poema o seu estilo. Entre escolhas equivocadas e tropeços da escada, vejo-me sobre o muro da indecisão. Não sei o que é mais injusto: esta vivência redundante ou eu mesma feita de pedras pela mão de um escultor arrependido ou de convites recusáveis. Eu não posso derramar uma lágrima sem escrever dois versos ou uma prosa de minh’alma insólita, sepulcral. Encontro-me moribundo quando o sentido da existência é ser feliz.