Eu havia acabado de
nascer (janeiro de 1993) e no berçário eu parecia o macho alfa
entre sete meninas que também nasceram no mesmo dia. Já grande,
fiquei me sentindo o tal quando meus pais falaram disso. De fato, fui
comentado na maternidade.
Meu pai, todo
empolgado com meu nascimento, ficou me olhando de longe, através da
janela de vidro talvez pensando: “O que ele vai ser quando
crescer?” E ali havia uma mulher e sua filha, uma criança pequena,
mas que já falava bem. Elas também olhavam os recém-nascidos.
-
Mamãe, e aquele bebê ali, de quem é?
-
Deste senhor, minha filha. Ele é o pai. – Falou indicando meu pai, enquanto a criança arregalou os olhos e disse surpresa:
-
Esse homem preto?
-
Minha filha!
Mais uma mãe
constrangida pela própria educação que deu à filha. Talvez o
primeiro grande vexame que eu tenha feito ao meu pai, que é negro,
tenha sido nascer branco e na hora errada. Puxei a mamãe.
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