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Para o Dia Mundial da Língua Portuguesa, um olhar sobre a carta que inspirou Camões e Legião Urbana

 

Legião Urbana. Cŕedito: Ricardo Junqueira (Wikipédia).

É um artigo para quem gosta de língua portuguesa, estudos linguísticos, estudos da tradução, variação/mudança linguística, também um pouco de tradução da Bíblia, Luís Váz de Camões e Legião Urbana. Ufa!!! Fiquei doente, perdoem-me os dois dias de atraso.

Monte Castelo, composição de Renato Russo para a banda Legião Urbana no álbum As Quatro Estações (1989), apresenta uma releitura, adaptação e musicalização de um trecho da primeira carta do Apóstolo Paulo aos cristãos da cidade de Corinto em c. 55 d.C. (originalmente escrita em grego koiné) e também do Soneto 11 de Luís Váz de Camões (“Amor é fogo que arde sem se ver”), mais de 500 anos depois. Tanto o Soneto 11 quanto a carta do Apóstolo Paulo (Bíblia Sagrada, 1 Coríntios 13) são versos que definem o amor como um sentimento ou consciência maior e que Renato intertextualiza na música com a perfeição que Paulo e Camões teriam apreciado.

A carta e o soneto: digressão para contextualizar

Provavelmente, por volta de 55 d.C., Paulo (também conhecido como Paulo de Tarso, por causa de sua origem) estava na cidade de Éfeso quando se dirigiu à recém-formada congregação (gr. ek·kle·sí·a; igreja) cristã da cidade de Corinto, uma movimentada metrópole grega. Entre outros temas, Paulo define o amor (gr. a·gá·pe) que deve ser cultivado entre os adeptos da fé cristã (naquela época, ainda chamada por muitos de “a seita dos nazarenos”, conforme escreveu o médico e escritor Lucas em Atos 24:5, Almeida Revista e Corrigida). De linguagem bastante impactante, elenca uma série de coisas que o verdadeiro amor é capaz de suportar, assim como coisas das quais não é capaz de praticar contra aquele que ama. Aqui, vale destacar que a palavra grega usada pelo escritor é a·gá·pe, termo grego para o amor fraterno e que, por isso, textos antigos também traduzem “caridade”. Leia 1 Coríntios 13 na íntegra: grego / português.

De igual forma, Camões, uns 1500 anos depois de Paulo, posiciona o Amor (com inicial maiúscula) acima de qualquer outro sentimento. E este vai além, quando ultrapassa os limites do fraterno e alcança também outras esferas, como o amor romântico (gr. eros). O soneto foi publicado na segunda edição da obra Rimas, lançada em 1598. Rebeca Fuks, doutora em Estudos Culturais tem uma análise que vale a pena conferir no site Cultura Genial. Segundo a doutora, “o poeta nos traz uma série de afirmações sobre o amor que parecem contraditórias, mas que são inerentes à própria natureza do sentimento amoroso.”

Posteriormente, em 1989, Renato Russo intertextualiza estes versos na letra da música Monte Castelo, para o álbum de estúdio As Quatro Estações, da banda Legião Urbana, através de uma adaptação para o gênero rock.

Quando Almeida traduziu o amor e registrou a língua portuguesa

O português João Ferreira Annes d’Almeida (1628, Várzea de Tavares – 1691, Jacarta) viveu depois de Camões, ele foi um ministro da Igreja Reformada nas Índias Orientais Holandesas, primeira personalidade a traduzir a o livro sagrado judaico-cristão (a Bíblia) para a língua portuguesa. Assim, foi Almeida quem primeiro apresentou essa visão utópica e tão sublime do amor aos leitores de língua portuguesa através do livro sagrado. Ponto importante, pois este artigo não se propõe à seara da doutrina, a versão da Bíblia produzida por Almeida e por seus sucessores (a versão completa é uma obra póstuma) registra a valiosa dinamicidade da língua portuguesa porque vêm, desde 1681 (com o lançamento do Novo Testamento), sendo revisada, atualizada e publicada conforme o português falado em cada época até chegar aos dias de hoje, de modo que documentou o fenômeno da variação e da mudança linguística.¹

A tradução do Novo Testamento (NT) (1681) fora produzida a partir da segunda edição holandesa do Textus Receptus, publicada pelos irmãos Bonnaventura e Abraão Elzevir em 1633. Além desta que lhe serviu de texto-base, Almeida consultou também traduções já existentes: a holandesa de 1637 e a espanhola de Cypriano de Valera, de 1602. Estas edições, consideradas textos-padrão na época, desfrutam do trabalho produzido por Eusébio Jerônimo (ou: São Jerônimo, como preferem os católicos), a Vulgata Latina (fim do séc. 4 d.C. e início do séc. 5). Neste período, até mesmo a Vulgata de Jerônimo já tinha recebido outras edições, como a versão oficial de 1592, uma revisão feita pelo Papa Clemente VIII que tornou a obra de Jerônimo também conhecida como Vulgata Clementina.

As imagens seguintes são capturas de tela das edições originais digitalizadas da tradução do pastor, escritor e tradutor João Ferreira de Almeida.²

De olho na mudança

1681: lança-se o Novo Testamento em língua portuguesa

Na edição de 1681, quando do lançamento do NT, nota-se uma grafia própria daquela época um pouco difícil ao primeiro contato para o leitor moderno. Observe a grafia da letra S quando no início e no interior da palavra (fallaffe, tiveffe > falasse, tivesse), o L dobrado (fallaffe), a letra H na função do acento agudo (he > é) e a localização do til (~) em palavras terminadas com -ão (naõ, razaõ > não, razão). Adendo! Neste último caso, num olhar um pouco mais amplo de outros excertos, verbos conjugados no passado e no futuro também aparecem com a terminação -ão, de modo que o tempo verbal é definido pelo contexto (ou pelo reconhecimento das propriedades do gênero profecia).

Almeida, já naquela época, sabia da necessidade de se oferecer uma boa tradução ao público-alvo, por isso usou o recurso da inserção de colchetes contendo informações em itálico para completar o sentido das frases. Esse recurso é usado até hoje por vários editores das versões da Bíblia de Almeida, de modo que o leitor passa a compreender que aquele trecho não faz parte do texto-fonte, mas que fora inserido para tornar a mensagem mais inteligível.

Talvez esse recurso não se considere uma forma de interpolação (pelo viés negativo da palavra) porque o leitor se encontra ciente das estratégias utilizadas pelo tradutor, o que descaracteriza essa técnica como uma forma de manipulação. Essa ciência é uma forma de democratização da leitura e dos processos tradutológicos, assim como uma nota de rodapé. Quando não por este motivo, é porque as passagens “não se encontram no texto grego adotado pela Comissão Revisora, mas haviam sido incluídas por Almeida com base no texto grego disponível na época” (Prefácio ao texto bíblico, A Bíblia Sagrada, 2. ed. rev. e atual.), como em Mateus 6:13. Realmente, os textos mais antigos nas línguas originais atualmente disponíveis, e que são textos-padrão de muitas das melhores traduções/edições modernas, eliminam ou destacam estas passagens ou versículos inteiros.


1819: a Bíblia completa em português vem ao público em volume único

Por muitos anos, o português pareceu praticamente intacto. Contudo, 138 anos depois, em 1819, quando do lançamento do primeiro volume único (isto é, Antigo e Novo Testamentos), já é possível perceber algumas variações bastante significativas. Observe que a língua em 1819 já era mais inteligível para os leitores atuais, pois as diferenças na grafia (fallaffe, fino, trafpaffaffe, pera > fallasse, sino, trasposesse, para) já são mais próximas do padrão moderno. A tipografia do texto também ajuda bastante, e isso também revela muito sobre a importância de uma boa formatação e diagramação da tradução para o leitor.

Algumas palavras passam a ser traduzidas de maneira diferente (fecretos > mysterios), talvez em decorrência dos novos conhecimentos advindos dos estudos linguísticos e tradutológicos, não apenas das línguas originais, mas também do português (embora muito exclusivamente no âmbito da tradução da Bíblia, ainda). Alguns outros termos também são traduzidos de maneira diferente, mas com sentidos mais próximos que os supracitados.

Aqui, João Ferreira de Almeida já havia falecido há 128 anos.³ Note, portanto, o papel dos revisores junto ao ofício da tradução não apenas na revisão do texto para a manutenção da norma culta da língua, como também do gerenciamento do estilo. Se comparada a primeira edição do NT da Bíblia de Almeida (1681) com a primeira versão da edição chamada Revista e Corrigida (1898) (aqui analisada a 2. ed., de 1903), notar-se-á um aprimoramento significativo do estilo da tradução conforme o português de cada época. Neste sentido, muitas versões consagradas da tradução de Almeida (Revista e Corrigida e Corrigida e Fiel, por exemplo) optam por uma tradução predominantemente por equivalência formal, o que acaba muitas vezes por distanciar o leitor dos sentidos reais do texto, visto que línguas diferentes constroem ideias de maneiras diferentes. Revisões modernas como a Revista e Atualizada, a Nova Almeida Atualizada e a Almeida Século 21, por exemplo, já compreendem a necessidade da equivalência dinâmica quando a formal não for suficientemente capaz de transmitir a ideia contida no original.

Ainda na edição de 1819, os colchetes que complementam a informação dão lugar apenas ao itálico. Até aqui, ainda não é possível notar uma formação do português brasileiro, mesmo porque muito do que chegava impresso no Brasil ainda era literatura produzida em ou traduzida para o português de Portugal e, depois, exportada para o Brasil. Assim, embora diferente na fala, o português escrito no Brasil ainda tinha influência do português escrito de Portugal (note que várias obras produzidas no Brasil do século 19 apresentam variações na língua em um curto período de tempo).


1903: surge nova edição da chamada Revista e Corrigida

Em um pulo para o início do século 20, no ano de 1903, lança-se a segunda edição da versão que passa a ser conhecida como Revista e Corrigida, lançada primeiramente em 1898. Essas correções ajustam erros tipográficos, ortográficos, tradutológicos etc. Ainda assim, nesta nova edição, continua-se a observar a ocorrência do movimento de mudança na língua (lingoas, profecia, trasposesse > linguas, prophecia, transpozesse), porém em menor grau, enquanto outros léxicos permanecem os mesmos desde 1819 (fallasse, sciencia). O acento agudo, por exemplo, já ocupa muitos dos lugares que o pertencem até os dias de hoje, embora outras acentuações ainda não se façam presentes (linguas, mysterios).

É provável que, neste período, já houvesse um processo (embora ainda tímido) de formação do português brasileiro, tendo em vista que quase sempre tivemos escritores que contribuíram fortemente para o desenvolvimento do sistema literário brasileiro. No entanto, como ainda não havia a tradução da Bíblia no Brasil, os escritos bíblicos que por aqui circulavam realmente continuavam a beber da fonte do português europeu (embora Almeida tivesse iniciado todo o seu trabalho de tradução nas Índias Orientais Holandesas, onde o português era a língua franca do comércio, mas não podemos esquecer a sua origem portuguesa).

Em 1917, surge a primeira tradução completa da Bíblia em língua portuguesa como resultado de um projeto ecumênico de tradução completamente realizado em território brasileiro patrocinado pela Sociedade Bíblica Americana e pela Sociedade Bíblica Britânica e Estrangeira, e liderado pelo reverendo William Cabell Brown, da Igreja Episcopal. De forma justa, ela foi chamada de Bíblia Sagrada: Tradução Brasileira (TB), pois fora uma tradução pensada para o povo brasileiro, e ficou popularmente conhecida como Bíblia Tira-Teima por causa de sua literalidade. Quando havia uma dúvida, a TB respondia.

Entre outras versões já disponíveis em língua portuguesa, a TB adotou também a tradução de Almeida como referência em muitas de suas escolhas tradutórias, mantendo expressões consagradas já conhecidas pelo povo brasileiro através das versões de Almeida. Assim, pode-se dizer que, indiretamente, Almeida mais uma vez esteve presente na tradução da Bíblia, dessa vez, ao português do Brasil.

Em 2010, a Sociedade Bíblica do Brasil (SBB), que detém os direitos sobre a obra desde 1948, relançou a TB contendo atualizações ortográficas, de modo que nomes como Jehoshaphat, Habakkuk, Nebuchadnezzar e Zephanias evidentes em 1917 passam a rezar Josafá, Habacuque, Nabucodonozor e Sofonias em 2010. Além disso, nota-se uma forte atualização gramatical que condiz com as normas atuais da língua.


2009: a SBB atende ao Novo Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa

Antes de 2009, a chamada edição Almeida Revista e Corrigida também havia recebido diversas revisões. A edição de 1969 (RC69) pode ser consultada gratuitamente no site oficial da SBB e comparada com a mesma edição atualizada segundo o Novo Acordo Ortográfico de 1990, em 2009 (ARC), ou com a edição Revista e Atualizada (ARA), de 1993. As imagens seguintes elencam as edições RC de 1969 e de 2009, respectivamente.

Em ambas as edições já testemunhamos a presença de um português realmente brasileiro, o que não é mais de se surpreender para um país que já havia se tornada uma casa publicadora da Bíblia desde o início do século 20 (embora outras obras fora da literatura hierática já estivessem direcionadas dessa forma no território brasileiro). Se comparados estes excertos com revisões da mesma tradução de Almeida em outros países de língua portuguesa, notaremos diferenças ortográficas e gramaticais que delimitam a língua autóctone. Talvez, a diferença mais significativa (e prontamente percebida) entre 1969 e 2009 seja apenas a tradução da palavra grega a·gá·pe para “amor”: no corpo do texto em 2009, mas em 1969 presente apenas nas notas de rodapé como alternativa de tradução.

Enfim, à guisa de conclusão (e ainda não é um fim)

Há, com certeza, outros documentos (revisados ou diversos) que também registram as mudanças da língua portuguesa. Todavia, o trabalho de Almeida sozinho imprimiu o português contemporâneo de cada época desde o século 17 de tal modo que, por exemplo, Teófilo Braga (1843-1924), segundo presidente da República de Portugal, poeta e ensaísta literário, afirma que a versão Almeida é o “maior e mais interessante documento para se estudar a língua portuguesa do século XVII” (Despertai!, Torre de Vigia, 22 mar. 1985, p. 32). Contudo, à medida que a língua evoluía (e novos estudos eram realizados), Almeida preparou revisões do seu trabalho e os seus revisores também apresentaram diversas edições de sua grande obra.

A edição de 1681 apresenta um português que, embora muito possa divergir da grafia, dos grafemas e da gramática do português contemporâneo, a compreensão não é de todo árdua. Ao passo que novas revisões foram realizadas, fica notável como a linguagem também é modificada nas versões Almeida para corresponder ao português de cada época. Além da variação linguística, fenômeno facilmente percebido pelo testemunho social, a Bíblia de Almeida registrou também o que é denominado de “mudança linguística”, fenômeno este que geralmente é percebido pela sociedade apenas em intervalos de tempo bem maiores porque interfere nas estruturas do sistema linguístico gradativamente. (Lingüística histórica: uma introdução ao estudo da história das línguas, Carlos A. Faraco, Parábola Editorial, 2005)

Este artigo é apenas uma prévia, algo bastante singelo de outro artigo mais elaborado que estou finalizando para ser submetido a uma revista especializada de linguística ou de tradução que trata, em termos gerais, sobre a variação/mudança linguística na formação do português brasileiro. Há muitas coisas que ainda podem ser consideradas e que não foram contempladas por este texto, mas que vocês poderão apreciar em breve quando da publicação em revista. Ainda assim, espero que tenha gostado e que deixe seus comentários e contribuições para que eu também possa aprender e amadurecer. Para ter acesso às edições originais das traduções de Almeida sob Domínio Público, acesse minha pasta no Google Drive e boa leitura dessa nossa pátria, a LÍNGUA PORTUGUESA! ■

Notas

¹ O conceito de mudança linguística pode ser explorado na obra Lingüística Histórica, do prof. Carlos Alberto Faraco, pela Parábola Editorial. ² As primeiras edições constavam a informação “traduzido em português pelo padre João Ferreira de Almeida”, pois os editores pensavam que “padre” fosse correspondente de “pastor” em língua portuguesa. Esse “erro” editorial foi mantido por muitos anos, por várias edições até o século 20. ³ Enquanto se dedicava à tradução do AT, Almeida veio a falecer e seu trabalho fora interrompido quando chegou em Ezequiel 48:21. Daí, Jacobus op den Akker (1647-1731), amigo e missionário holandês, concluiu a tradução até o ano de 1694, de modo que, em 1748, vem ao público o AT, mas é apenas em 1819 que acontece a publicação completa da Bíblia em volume único.

Principais referências usadas neste artigo e indicadas para leitura e enriquecimento sobre mudança linguística e tradução da Bíblia em português

Além das versões originais da Bíblia de Almeida... 1) As edições da Bíblia no Brasil (Cláudio Vianney Malzony, Editora Paulinas, 2016), 2) o artigo João Ferreira de Almeida – quem era ele? (Despertai!, Sociedade Torre de Vigia, 1985), 3) Lingüística Histórica: uma introdução ao estudo da história das línguas (Carlos A. Faraco, Parábola Editorial, 2006) e 4) o site Bíblia SBB, da Sociedade Bíblica do Brasil.

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