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Parte da Amazônia brasileira em área próxima a Manaus. Crédito: Wikipédia. |
Uma língua é um povo – e a lógica é também uma questão de matemática! Atualmente, existem 274 línguas indígenas sendo faladas no Brasil. Cerca de 500 e poucos anos atrás, quando da colonização (isto é, da invasão e exploração das terras brasileiras), talvez até mil línguas fossem faladas em todo o território nacional. Bastante, não é? E ainda tem gente que pensa que “índio é tudo uma coisa só”. Na verdade, aprendi com as professoras, intérpretes e tradutoras Damiana Rosa e Andreia Vazquez, no livro A fantástica história (ainda não contada) da tradução no Brasil (Editora Transitiva, 2018), que desde sempre existiram intérpretes nas comunidades indígenas brasileiras.
Agora, conta comigo! Se uma língua é um povo (porque uma língua é o sistema de comunicação de um povo ou de povos), dizer que atualmente existem aproximadamente 274 línguas indígenas vivas no Brasil, é reconhecer que centenas comunidades nativas, mais de 700 delas, deixaram de existir? De fato, a história do Brasil é banhada com o sangue do preto e do indígena. E nós ainda estamos vivendo esse genocídio, de maneira que não chega a ser silenciosa porque o preto e o indígena são um povo guerreiro. Só não vê quem não quer!
As informações e os números citados são do site do IBGE, dos livros Language death (David Crystal, Cambridge University Press, 2015) e Linguística histórica: uma introdução ao estudo da história das línguas (Carlos A. Faraco, Editora Parábola, 2005), bem como do artigo Um Brasil de 154 línguas (Jornal da USP). Faço questão de apresentá-los para meus alunos, independente de qual seja a disciplina que eu esteja lecionando (inglês ou português) porque existem assuntos tão necessários que não requerem especificidades curriculares – você, como professor e cidadão, apenas TEM que discutir porque é urgente, é necessário.
O dia 19 de abril, feriado criado pela branquitude que sequer para algo no país, não é “dia do índio”, dia de comemoração ou de permitir que nossas crianças, assim como nós algumas décadas atrás, voltem fantasiadas da escola (potencial espaço de estereotipização sobre a temática), mas que este e outros dias sejam dias de luta e de resistência dos povos indígenas porque, enquanto o silêncio ecoa, línguas e outras “línguas” continuam a deixar de existir. ■
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