Sonhei com Leonardo.
Eu estava posto em uma mesa escrevendo algo que não lembro o quê,
talvez fosse a exteriorização dos sentimentos. Leonardo se
aproximava por detrás de mim tocando-me desde os braços até as
minhas mãos. Dava-me um beijo na cabeça e me fazia chorar desde o
rim. Foi-se logo embora sem que eu pudesse vê-lo face a face nem
ouvi-lo falar. Acordei e continuei chorando aqui dentro, pois, quando
me toca, morre-me um pouco e sobrevivo só para escrever a dor que
sangra no meu peito. Leonardo nunca mais voltou. Foi despedida aquele
beijo de Leonardo. Toda a sua casa foi embora.
MARABÁ (Parênteses inseridos para esclarecimento de palavras e expressões) Eu vivo sozinha; ninguém me procura! Acaso feitura Não sou de Tupá? Se algum dentre os homens de mim não se esconde: – “ Tu és,” me responde, “ Tu és Marabá!” – Meus olhos são garços, são cor das safiras, – Têm luz das estrelas, têm meigo brilhar; – Imitam as nuvens de um céu anilado, – As cores imitam das vagas do mar! Se algum dos guerreiros não foge a meus passos: “ Teus olhos são garços,” Respondo anojado, mas és Marabá: “ Quero antes uns olhos bem pretos, luzentes, “ Uns olhos fulgentes, “ Bem pretos, retintos, não cor d’anajá ! ” (claros) – É alvo meu rosto da alvura dos lírios, – Da cor das areias batidas do mar; – As aves mais brancas, as conchas mais puras – Não têm mais alvura, não têm mais brilhar. – Se ainda me escuta meus agros delírios: – “ És alva de lírios”, Sorrindo responde, mas és Marabá: “ Quero antes um rosto de jambo corado,
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