Ao término do jantar, recolhe a mesa deixando apenas o café e a
garrafa para não dormir durante a noite (mas é provável que já
tenha se tornado um vício para as noites assim como é tão provável
que pegue no sono devido à longa jornada do dia). Diante de si, o
computador e sua fiel companheira dormindo sob suas pernas para que
se sinta protegida no calor dos seus pés. Ambos frágeis, indefesos,
vulneráveis.
Pratos empilhados, ora amontoados tão perfeitamente bem quanto sua
mania de desorganização, na pia e livros de literatura e
linguística pela casa formam o cenário perfeito ao lado de seu
corpo quase nu e vesgo. Não sabe mais se fala a Deus e, mesmo assim,
acende uma vela para Iemanjá, sem tocar o mar, por acreditar no
poder acalentador da maternidade.
E as portas nunca se abrem. As horas passam e o sono não chega (mas
o café já perde seu sabor; passa outro) – a sobriedade o assusta,
então se deita na esperança de que um dia poderá dormir em paz.
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