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Mãe da Guerra


Ela levanta, olha todas as coisas
e, então, volta a deitar.
(Por um instante paro,
paro para pensá-la – penso nela.)
Pede a proteção divina,
ritualisticamente, todas as manhãs
e agradece a Deus por cada dia
pedindo também um pouco,
e apenas "um pouco", para ser feliz.

Faz muchacho tétrico,
respira fundo e vai para a batalha.
Com seu corpo frágil,
luta contra e devora os dragões
com consciência plena de que vive entre feras
e que nessa selva não se pode ser feliz.

Persiste, respira
e pede a Deus um pouco,
e apenas "um pouco", para ser feliz.
Transpira, sob sol escaldante,
e uma força sobre-humana
vem, toma conta da batalha,
pois a guerra (ela sabe),
ela sabe, há de vir...
Eis que vive entre feras.

P.S.: observando as batalhas.

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