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Templo

“Minha tribo me perdeu quando entrei no templo da paixão.” – Templo, Chico César.

O Templo de Poseidon.
Terça-feira, 14 dias após ter desistido do amor e dez anos de relutância ao Carnaval, decidiu sem vontade voltar a amar e a dançar. O álcool suprira todas as suas necessidades dando-lhe a alegria e a desenvoltura de que precisamos para saber beijar no meio da praça. Sua maior abstinência era de dar amor.

Desculpe-me, estou bêbado.
Não há motivos para se desculpar no Carnaval quando bate em alguém sem querer. Está sozinho?
Sim.
Fica, então, por aqui. Toma uma cerveja.

Seu olhar desconfiado alertara para o conteúdo daquele álcool, mas qualquer outro álcool seria menor que tudo o que já bebera ao longo do dia. E qualquer álcool que bebesse junto ao que já circulava as suas veias seria menor e menos arrebatador do que o vício de se apaixonar.

Tome mais.

Bebeu. A sua educação é de um nível mais elevado, agradece até mesmo um gole de bebida e pede desculpas por não saber a música. Respondeu-lhe com o beijo cuja recepção fora a avenida cheirando a álcool, música e gente. Rendeu-se como no Templo da Paixão, alma despida e contemplação.

O vício estava alimentado! Foi vê-lo em sua terra natal e deu-lhe de presente um exemplar de bolso de O Pequeno Príncipe – eis que vossa alteza leria a outra por intervenção de um dependente que nem sequer sabia dançar. Ao vê-lo, não soube conter o sorriso de quem se descobriu apaixonado: “Meu Deus!” Sua beleza é uma linguagem que ainda há de decifrar com a caligrafia de sua boca. Estava sóbrio, e os efeitos eram todos iguais – era sábado.

Mãos dadas em meio aos olhares d’outra avenida sobre o espírito de quem não se importa. Voltou para casa como o menino que ganhou as balas – levou isto e aquilo. Voltou para casa sabendo – esse jogo de saberes e de descobertas – que algo seu havia ficado e que algo havia levado consigo como garantia de um retorno para o próximo capítulo.

Voltou a amar (Descobriu!). Sentiu que reviveu.

P.S.: A inspiração desta singela crônica era tão barata que [ela] não poderia ser maior. Sentei numa mesa de bar de esquina para escrever algo mais valioso. Look! "[Our] journey ends here."

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