Quando se realiza o viver, pergunta-se: mas era só isto? E a resposta é: não é só isto, é exatamente isto. — Clarice Lispector, em "A Paixão Segundo G.H."
Por: Marcel K.
Artista: Tom Swick. |
"Como viver?" Não é essa a pergunta que intermitentemente surge em cada um de nós desde o primeiro despertar da nossa consciência? Questionar se a vida vale a pena ser vivida é estimular a pilhéria como resposta: depende do (sobre)vivente. No entanto, o espírito da resposta é, no mínimo, libertador, pois apenas se o indivíduo conseguir resolver satisfatoriamente a questão/problemática de como viver é que poderá, então, decidir se esse inescapável vale de lágrimas pode ser transformado em algo positivo.
Misericordiosamente, a questão apresenta-se infinita e indissolúvel, e assim nós a levamos, juntamente com outros pontos cruciais, muito além da metade da nossa efêmera existência (frequentemente, até o fim dela).
Em alguns casos — talvez na maioria deles —, a vida pode atingir uma decrepitude beckettiana; um frio murmúrio provocado pelas resfriadas brasas de planos frustrados, caminhos extraviados e amores perdidos, contudo, sem que se desista da perene e hercúlea contenda.
(Particularmente, nada mais disso me interessa, e não porque a referida introspecção não seja pertinente, mas porque a pergunta "Como viver?", a essa altura da estrada, foi substituída por outra, de caráter mais imediatista/pragmático: "O que fazer com a vida?".)
Recife, 2 de março de 2017
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