Quatro xícaras de café em uma só. Amy canta para meu bel prazer, mas sua voz não pode superar os sons do meu silêncio que perturbam minha mente. Escrevo duplicatas ou esqueço letras outras. Ora, os meus versos são todos tortos – como eu sou torto, tortos eles deveriam ser. Elimino-os e me aprazo dentre a prosa chula e obscena que vomito sobre a mesa que me alimento com os espectros noturnos.
O gosto que persiste em minha boca não substitui o fel perpétuo de minha alma e estas cápsulas não encapsulam – jamais – os verbos que me fazem sofrer sem os braços do meu querer. Esculpindo tristeza e solidão em um papel imaginário, atravesso a noite como sendo minha amiga, valetudinária inseparável e companheira para a tribulação.
Sou Gregor que é mastigado pelos monstros da dor que vêm de dentro para fora ao encontro do inferno que há nos outros. Acordar é decretar uma batalha, mas desperto nunca estou por que a sobriedade me assusta. Bebo, então, café, escuto Amy e tomo duas cápsulas.
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