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Amy, café e duas cápsulas

Quatro xícaras de café em uma só. Amy canta para meu bel prazer, mas sua voz não pode superar os sons do meu silêncio que perturbam minha mente. Escrevo duplicatas ou esqueço letras outras. Ora, os meus versos são todos tortos – como eu sou torto, tortos eles deveriam ser. Elimino-os e me aprazo dentre a prosa chula e obscena que vomito sobre a mesa que me alimento com os espectros noturnos.

O gosto que persiste em minha boca não substitui o fel perpétuo de minha alma e estas cápsulas não encapsulam – jamais – os verbos que me fazem sofrer sem os braços do meu querer. Esculpindo tristeza e solidão em um papel imaginário, atravesso a noite como sendo minha amiga, valetudinária inseparável e companheira para a tribulação.

Sou Gregor que é mastigado pelos monstros da dor que vêm de dentro para fora ao encontro do inferno que há nos outros. Acordar é decretar uma batalha, mas desperto nunca estou por que a sobriedade me assusta. Bebo, então, café, escuto Amy e tomo duas cápsulas.

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MARABÁ (Parênteses inseridos para esclarecimento de palavras e expressões) Eu vivo sozinha; ninguém me procura! Acaso feitura Não sou de Tupá? Se algum dentre os homens de mim não se esconde: – “ Tu és,” me responde, “ Tu és Marabá!” – Meus olhos são garços, são cor das safiras, – Têm luz das estrelas, têm meigo brilhar; – Imitam as nuvens de um céu anilado, – As cores imitam das vagas do mar! Se algum dos guerreiros não foge a meus passos: “ Teus olhos são garços,” Respondo anojado, mas és Marabá: “ Quero antes uns olhos bem pretos, luzentes, “ Uns olhos fulgentes, “ Bem pretos, retintos, não cor d’anajá ! ” (claros) – É alvo meu rosto da alvura dos lírios, – Da cor das areias batidas do mar; – As aves mais brancas, as conchas mais puras – Não têm mais alvura, não têm mais brilhar. – Se ainda me escuta meus agros delírios: – “ És alva de lírios”, Sorrindo responde, mas és Marabá: “ Quero antes um rosto de jambo corado,

Analisando o discurso do poema "Eu", de Álvaro de Campos

"Fernando Pessoa" por S.A. e Maria José de Lencastre. Antes de tudo: Análise do Discurso é “[…] o estudo da língua sob a perspectiva discursiva” (BRANDÃO, 2009, p. 5). Para Foucault (1972 apud FAIRCLOUGH, 2001, p. 64), “a análise do discurso [está] voltada para a análise de enunciados”, que é considerada uma forma de analisar desempenhos verbais e “diz respeito não à especificação das frases que são possíveis ou gramaticais, mas à especificação sociohistoricamente variável de formações discursivas (algumas vezes referidas como discursos), sistemas de regras que tornam possível a ocorrência de certos enunciados, e não outros, em determinados tempos, lugares e localizações institucionais.” (colchetes inseridos)

Quais são as características de um texto literário?

Com a honrosa coautoria de: Ermírio Simões Batista Segundo Proença Filho (2007), em sua obra A linguagem literária , as características do discurso literário são as seguintes: 1. Complexidade Num texto complexo pode-se identificar metonímias sobre a vida humana. No caso, seriam situações que ocorrem nas relações interpessoais. Assim observa-se uma série de fatores que contribuem para o enriquecimento do texto e o aumento de plurissignificação, exigindo maior esforço por parte do leitor. No texto literário não existe o óbvio. me.to.ní.mi.a s.f. [retórica] Figura de linguagem em que um objeto é designado por uma palavra que se refere a outro, por existir uma relação entre os dois. Quando se “acende a luz”, na verdade se aperta um botão, fechando um circuito elétrico e produzindo luz. Mas se dá o nome do efeito à causa. (7GRAUS, 2017, adaptado) 2. Multissignificação O texto multissignificativo depreende diversos significados que dependerá do