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Mostrando postagens de junho, 2017

Na estrada

Tinha um cachorro morto no caminho Um espantalho de plástico (que sintético) no meio da plantação Cactos, rochas, argila e desenhos Capelinhas, rachaduras e veneração Muitos foram mortos naquele pobre caminho sem distinção Contei as lápides sem epitáfio e me perdi nesta futilidade (como sempre) Foi nesse ofício fútil que descobri que nem sabia contar direito Quantas lápides havia ali? Quantos mortos morreram ali? Quantos tolos passaram ali?

Curriculum vitae

C oncorrência, U rgência​ e R esistência. R eflexos I ncompletos de múltiplos C omplexos. U surpando a minha L ucidez in O fensiva.

Frida not Kahlo

Bela adormece. Adormecida bela. Bela adormecida Frida. P.S.: esse poema é do tamanho dela.

Balanço

A gente balança a vida, E a gente cresce na vida, E a gente se balança pela vida. A vida balança a gente.

Auto da Compadecida: da Idade Média à Paraíba hoje, um picadeiro que atravessa gerações

Por: Aline Maelly & Wendell Santos Ariano Suassuna Foto: Wilson Dias/ABr - Agência Brasil, CC BY 3.0 br, Wikipédia. AUTO DA COMPADECIDA , obra mais conhecida de Ariano Suassuna (1927-2014), veio ao público em 1955 para ser levada, em 11 de setembro de 1956, ao Teatro de Santa Isabel (Recife, PE) e, em 1957, ao Rio de Janeiro pelo Teatro Adolescente do Recife no Primeiro Festival de Amadores Nacionais. Dirigida por Clênio Wanderley, nas palavras de Henrique Oscar ( apud SUASSUNA, 2004), este foi “O grande acontecimento” do Festival. “Os dramaturgos populares têm mentalidade coletiva; gostam de recorrer a um repertório de motivos ( i.e. , assuntos) que compartilham com seu público.” (TAVARES, 2014, p. 181, parênteses inseridos) Segundo o autor da peça, a obra tem inspiração nas histórias e romances populares do Nordeste. (OSCAR apud SUASSUNA, 2004) De fato, alguns episódios da peça podem têm suas fontes em folhetos como O dinheiro , de Leandro Gomes de Barros (1865-1918)

Quando deixamos de ser bintu: variações linguísticas na formação do português brasileiro

A variação linguística do português brasileiro é tão grande quanto  a nossa cultura. Segundo Fromkin, Rodman & Hyams (2003), de acordo com certa tradição na África, quando uma criança nasce, ela é considerada kintu (do bantu: “coisa”; plural: bintu ), não muntu (“ser humano”). Apenas mais tarde, com a aquisição da língua, tornar-se-á um “ser humano”, segundo as crenças dessa tradição. Isaiah Negedu, do Departamento de Filosofia da Federal University Lafia (Nasarawa State), identifica as mesmas crenças no estudo das categorias da Filosofia Africana, com algumas variáveis de acordo com o povo e relata o quão importante é a língua para esses povos. A língua é uma exclusividade humana. Segundo a obra An Introduction to Language ( Id. ), não importa o que as pessoas façam (jogar, lutar, amar, construir carros, etc.), quando se encontram, elas falam. Para estes autores, isso é o que também nos diferencia dos animais: “A posse da língua, talvez mais do que qualquer outro atr